terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Cegueira... ou a morte em onze estrofes

"No início tudo era escuridão
Tudo era grãos de poeira
Começou esta enorme transformação
Que te levou fatalmente à cegueira

Desejaste tudo e todo o poder
Reduziste este mundo a cinzas
Não deixando viva alma para o renascer
Transformaste-o em paredes lisas

Desejaste toda a riqueza, todo o dinheiro
Olha nas campas que fizeste abrir
Procura-o, vê se lhe sentes o cheiro
Pois ninguém conseguiu fugir

Que te valia essa conta bancária?
Esse armamento bélico tão poderoso?
Que destruiu tudo nesta vasta área
Deixando tudo num estado lastimoso

Ouves o vento a uivar?
Escuta as vozes que ele transporta!
São os gritos dos que acabaste de matar
Já foi há muito e a voz não parece morta

Sentes o cheiro da terra queimada?
Já não é mais que uma ilusão...
Nem a presença da tua amada
Travou este enorme turbilhão

Não foste capaz de dizer basta
Nem quando olhas-te os olhos que choravam
Não viste que a terra há muito gasta
Já eles não a cultivavam

Não pediste clemência, não pediste perdão
Ceifaste as vidas na tua frente
Deixando tudo e todos no chão
Até mesmo o Sol poente

Nos teus ouvidos não escutaste o chorar
A dor que era levada para a sepultura
Apontavas e limitavas-te a disparar
Começando a devastadora tortura

Varreste todo este belo planeta
Não deixando mais que uma nuvem de poeira
Nem o impacto de um cometa
Te ajudou a curar a cegueira

Plantaste o caos, colheste a morte
Só que também te enganaste no alvo
Desta vez não tiveste tanta sorte
E nem tu ficaste a salvo..."

Miguel Augusto

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